Feira dos Grelos: O sabor que vem da terra…

Foi com natural orgulho que Nuno Janicas, Olga Cavaleiro, Gabriel Pinho, Sidónio Santos e Raul Almeida, abriram mais uma edição da famosíssima Feira dos Grelos, na localidade dos Carapelhos.

Se a representante da Federação Portuguesa de Confrarias Gastronómicas (Olga Cavaleiro) e o Diretor Adjunto da Agricultura e Pesca do Centro (Sidónio Santos) centraram os seus discursos na importância da sustentabilidade deste projeto que engrandece o Concelho de Mira e na importância que a agricultura e a gastronomia têm no atual panorama nacional, também é certo que Nuno Janicas, o Grão-Mestre da Confraria e Gabriel Pinho, o grande impulsionador de muito do que se refere à localidade que preside e à Feira dos Grelos, não podiam deixar de enaltecer as novidades que este ano acontecem.

Nuno Janicas falou da nova coqueluche do espaço, a Casa dos Sabores e do que ela passa a significar no que se refere “ao aumento do local, originando um maior aumento de comodidade e da oferta” a quem disser presente na edição deste ano. Para além disto, enfatizou “a maneira mais ecológica” que a partir de agora, a Feira dos Grelos, assume: “Copos de vidro e pratos cerâmicos” passam a ter importância preponderante, ao substituir os copos plásticos e os anteriores pratos, no sentido de pensar em frente, também neste capítulo, procurando contribuir para com um planeta mais sustentável.

Gabriel Pinho, igual a si próprio, brindou a plateia atenta com sua forma incontornável de falar. Ele, assumidamente, é homem mais de ação do que de meras palavras que o vento leva rapidamente e não deixou créditos por mãos alheias ao classificar a Confraria Nabos Companhia como “a melhor do país”. Afirmando estar a preparar a feira “a onze meses” em conjunto com os seus pares, explicou ter imenso orgulho naquilo que se tem conquistado ao longo dos tempos. “Não temos castelos nem monumentos para mostrar… mas, temos aquilo que sai da nossa terra”, afirmou para encerrar o seu discurso com uma alfinetada nos críticos que diz existir: “fiquei a saber, pois eu não vejo estas coisas, que no 25 de Abril andaram a escrever na Internet que levei rabanetes (ao Salão Nobre da CMM). Mas, acontece que os rabanetes quase todos comeram naquele dia, enquanto os cravos… murcharam todos!”.

Raul Almeida preferiu destacar “o papel importante da gastronomia na promoção dos territórios”, sendo este evento, notoriamente, um ex-libris da gastronomia gandaresa que eleva sobremaneira o nome da localidade, do município e de toda uma vasta região.

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Findos os discursos, foi a vez da bênção da horta, ali mesmo ao lado do local que está no centro das atenções da região por estes dias. Esta sexta, este sábado e este domingo, são datas onde uma enorme romaria de bons apreciadores de Grelos (e não só) acontecerá.

Os Carapelhos parecem aquilo que vulgarmente é chamado de coração de mãe: o lugar é pequeno, sim, mas lá cabem – cada vez mais – mais e mais pessoas que aparecem de todo o país e, inclusive de fora dele, para comer bem, beber bem e passar bons momentos. Tudo por conta de uma série de homens e mulheres que se dispõem, apesar do imenso cansaço físico e mental no fim, a manter viva a tradição e a inovar em pleno, adaptando os factos aos dias que correm.

Homens e mulheres de têmpera, estes! São dignos continuadores daquilo a que Olga Cavaleiro tão bem definiu: “Deus fez o mundo e o homem fez a Gândara”, numa alusão explícita a tudo o que os antepassados desta geração conquistaram à terra inóspita que pisavam todos os dias…

Discurso de Raul Almeida, Presidente da Câmara Municipal de MIra:

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