Editorial: “Quando pensávamos que já tínhamos visto tudo…”

A Comissão de Melhoramentos de Vilamar é uma IPSS daquela localidade do Concelho de Cantanhede, reconhecida pela capacidade organizativa dos seus serviços e pela forma como cuida, diariamente, dos seus idosos. Acresce a isto, sobremaneira, a enorme sobrecarga que a pandemia impôs e continuará a impôr a todos durante bastante tempo.

Acontece, porém, que esta mesma casa encontrou na sua caixa do correio – pasme-se – uma máscara cirúrgica usada junto da sua correspondência normal. A instituição, na divulgação do facto, classificou tal atitude como “inadmissível e muito grave”… entretanto, talvez fosse o caso de serem utilizados outros epítetos para tamanha falta de respeito ao próximo!

Durante o período compreendido ao primeiro impacto da pandemia, um pouco por todo o lado, podiam ser vistas faixas alusivas ao slogan daquele momento: “Vai ficar tudo bem”… lembra-se caro leitor? Pois bem, de lá para cá os números terríveis aumentaram (muito) por todo o planeta, a doença não dá demonstrações de querer diminuir tão cedo, a vacina ainda não chegou e, novamente, vão sendo encerrados serviços até que, quem sabe, voltem a ser fechadas as fronteiras, novamente!

Neste momento, o Estado quer impôr uma app que dizia ser voluntária num primeiro instante, as máscaras passaram a ser obrigatórias na mais simples caminhadas na rua e o confinamento não está colocado totalmente fora de questão. E o que faz o mais comum dos cidadãos? A grande maioria sujeita-se, em nome de si, dos seus e de todos, às necessárias precauções, outros amontoam-se para assistirem a consagração de um grande piloto de Formula 1 com o beneplácito do mesmo Estado que pretende implementar medidas mais apertadas e outros, ainda, desrespeitam o mais básico da convivência numa sociedade que se diz, humanitária!

Colocar uma máscara usada na caixa de correio de um lar de idosos é querer demonstrar a si próprio, quão canalha uma pessoa consegue ser!

Colocar uma máscara usada naquele espaço, conhecendo perfeitamente as consequências que podem advir de tal ato, é abjeto, estúpido, revoltante e, sem dúvida alguma, um verdadeiro crime!

Quando pensávamos que já tínhamos visto a estupidez humana atingir picos muito altos, eis que – infelizmente – a desumanidade prevalece num ato repugnante e abjeto capaz de fazer-nos, a todos, pensar sobre até onde pode chegar a maldade humana em atos nocivos e degradantes…

Francisco Ferra – Jornal Mira Online