Editorial: Quando caem as máscaras

A Praia de Mira foi palco, no passado Domingo, pelas 09:30 horas, de uma cena insólita, porém reveladora, da forma como muitos portugueses reagem quando um cidadão – no caso, uma cidadã – procura alertá-los para os perigos que se expõem e expõem os demais ao contágio nefasto da COVID-19.

A senhora em causa, residente na Praia de Mira, andava no passeio quando, em frente a uma conhecida pastelaria da localidade, encontrou “muitas pessoas à frente do estabelecimento, a ocupar todo o passeio, para comprar pão”, segundo a própria informou – e conta com diversas testemunhas da maneira como o caso aconteceu – quando ela, ao passar, alertou “de forma calma e educada” para o facto de que, ao estarem no local “amontoados e sem máscaras” estavam a colocar em causa a saúde pública.

Resultado? A triste constatação de que a educação não escolhe a quem encontrará!

A senhora em causa – e, volte-se a frisar, há testemunhas… – foi insultada por alguns dos presentes, tendo sido “chamada de todos os adjetivos imagináveis e inimagináveis, tendo sido dito que deveria andar na estrada, se me sentia incomodada”. Dispensam-se palavras para tal cena…

Caem as máscaras, em momentos como estes! Não as máscaras que, pela mais elementar forma de civilidade, deveriam – e não estavam – a ser usadas, mas as máscaras das pessoas que meses atrás, em pleno pico da pandemia, apregoavam nas redes socias, a sua compreensão para a gravidade do facto de uma doença de extrema gravidade ter, a todos, empurrado para dento das suas casas, por decreto governamental!

Caem as máscaras daqueles que, não medindo consequências, pouco se importam agora, com aquilo que, antes, diziam importar-lhes, muito!

Caem as máscaras de pessoas que, sejam locais ou simples visitantes à procura do sol de Agosto, nada se importam com o que poderá acontecer em pouco tempo. O que importa às pessoas que usavam as máscaras, é que haja areia, mar e sol. Que haja reuniões entre amigos que só se vêem, muitas vezes, durante algumas semanas por ano!

O que se vê, neste simples – e tristíssimo episódio – é que uma parte da humanidade (não importa se grande ou pequena) está-se nas tintas para a outra parte que quer ser ciilizada

Hoje, 25 de Agosto de 2020, países como a Holanda e a Bélgica estão a notificar casos de reinfeção, mas isto, para as pessoas a quem a máscara caiu, é de somenos importância. Para uma parte da humanidade o importante é viver como se não houvesse amanhã… o problema é que, para muitos inocentes responsáveis, pode não haver amanhã, verdadeiramente, por causa de tão vergonhosa falta de civilidade!

Francisco Ferra / Jornal Mira Online