“É preciso ser puro para desbravar este entulho que não deixa o nosso futebol”

Fábio Martins recorre às redes sociais para deixar “umas palavras para o futebol português”

Ontem, um dia depois do jogo que determinou o afastamento do Famalicão da Taça de Portugal, após o empate com o Benfica, Fábio Martins, avançado famalicense, recorreu às redes sociais para um desabafo, que surge com o objetivo de mostrar o lado do jogador de futebol.

“Confesso que o sentimento de injustiça pela eliminação continua, mas, hoje, mais a frio, há coisas que eu gostava de dizer”, começa por escrever o jogador, manifestando “orgulho” por pertencer àquele grupo.

“Lutámos. Corremos. Fomos sempre intensos. Cada um de nós deu tudo aquilo que tinha e não tinha. Depois, sentir a atmosfera do nosso estádio, ontem, especialmente, foi algo absolutamente incrível. O vosso apoio é indescritível e lá dentro sentimos a vossa resiliência”, realça ainda, num agradecimento aos adeptos.

Mas Fábio Martins escreve estas linhas para fazer um alerta, após as reações às suas palavras na flash-interview. “Por último, umas palavras para o futebol português”, enquadra.

“De maneira nenhuma quis, com a minha flash-interview, desrespeitar ninguém. Limitei-me a mencionar factos. Repito, na minha opinião, fomos claramente superiores e merecíamos ter passado a eliminatória. Ponto. Respeito quem possa pensar o contrário, mas esta foi rigorosamente a minha forma de ver os dois jogos”, insistiu.

O futebolista lembra que “o ódio que existe no futebol português” não é alimentado pelos jogadores: “Lá dentro existe apenas a rivalidade normal de um jogo de futebol, que acaba quando o árbitro apita para o final do jogo. Depois disso, conversamos, trocamos ideias, trocamos camisolas, desejamos sorte e seguimos a nossa vida”.

A seguir, um pedido de “responsabilidade”, porque, no seu entender, “é preciso que quem tem espaço mediático deixe de incentivar as pessoas a contribuir para que o futebol português se torne cada vez mais tóxico”.

“É execrável a quantidade de mensagens de ódio e insultos que nós, jogadores de futebol, recebemos. Para além de fazermos o que fazemos dentro das quatro linhas, temos o direito de ter a nossa opinião sobre o que aconteceu, tal como vocês têm a vossa. E sim. É por este tipo de situações que vocês percebem que os jogadores têm de ir com um discurso mecanizado”, aponta ainda.

“Há que dar voz ao que é real. É preciso ser real, honesto e puro para desbravar todo este entulho que não deixa o nosso futebol. É preciso que nos comecemos a limitar a falar mais do jogo e menos de teorias da conspiração. DEIXEM-NOS JOGAR. DEIXEM-NOS VIVER O FUTEBOL. Deixem-nos fazer o nosso trabalho”, alerta Fábio Martins.

“Somos homens que, depois de dar o litro no relvado, vamos para casa e não podemos ligar uma televisão, temos de afastar os computadores dos nossos filhos, para que eles não fiquem a pensar que o pai matou alguém. Porque é isso que parece que transmitem, com as mensagens que escrevem”, conclui o jogador do Famalicão.

A equipa minhota, recorde-se, foi ontem afastada da Taça de Portugal, depois de uma derrota no Estádio da Luz e de um empate em Famalicão. Não obstante ter ‘acordado’ do sonho do Jamor, a equipa de João Pedro Sousa deixou uma imagem notável, nesta sua viagem pela prova rainha.

Com Bancada.pt

Foto: sportonstage.com