Drone em Montemor-o-Velho repele vespa velutina que invade região Centro

A disseminação da vespa velutina tem aumentado na região Centro e as autoridades tentam novos métodos de combate, como o drone que a Câmara de Montemor-o-Velho utiliza para uma destruição mais eficaz dos ninhos.

O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, disse à agência Lusa que se tem verificado “um aumento substancial” do número de pedidos para extermínio das colónias daquele inseto de origem asiática.

No âmbito de “um projeto com mais de um ano”, numa parceria com a Associação de Modelismo do Centro de Portugal (AMCP), a Proteção Civil local registou “dois ensaios bem-sucedidos” de destruição com auxílio de um drone, tarefa em que pode igualmente ser usada uma pistola de “paintball” para aplicar o veneno.

Emílio Torrão salientou que os sapadores florestais “destruíram mais de 200 ninhos” desde que a vespa velutina começou a ser vista neste e noutros concelhos do Baixo Mondego, por volta de 2016.

Tem sido usada sobretudo “uma vareta de vários metros” para injetar o inseticida no vespeiro, instrumento que, afinal, é “uma cana de pesca convertida em seringa”.

O comandante dos BSC, Paulo Palrilha, realçou à Lusa a vantagem desta solução, que passa pela colocação de uma substância química que é fatal para as vespas.

Até agora, as equipas da companhia incineraram os ninhos com ajuda de um maçarico.

Só que os animais que ficam no exterior fundam geralmente novas comunidades, acabando por multiplicar a sua proliferação.

Em 2017, os sapadores de Coimbra eliminaram 150 ninhos de vespa velutina, enquanto este ano, em apenas oito meses, já foram destruídos 120, segundo o comandante.

“Temos notado este ano, com o calor, que há um crescimento exponencial do número de ninhos”, adiantou.

Em média, “eram queimados dois ou três”, mas o recurso à cana de pesca adaptada permitirá mais do que duplicar esse resultado.

Quarenta e oito horas após a aplicação do veneno em sete ninhos, no concelho de Coimbra, o presidente da Associação de Modelismo do Centro, Carlos Filipe, acompanhou os bombeiros municipais na verificação dos primeiros ensaios efetuados.

“Estavam todos destruídos, vendo-se milhares de vespas mortas”, congratulou-se Carlos Filipe, no final de mais um trabalho em que colabora a AMCP, com sede em Coimbra.

Para Paulo Palrilha, trata-se de “um método bastante mais eficaz” no combate ao inseto, que tem dizimado apiários em várias zonas de Portugal e Espanha.

No processo de queima com maçarico, é preciso fazer duas visitas aos locais, sendo a primeira durante o dia e para avaliar a situação.

A destruição é feita durante a noite, a fim de garantir que todas as vespas estão recolhidas e morrem.

O comandante dos sapadores de Coimbra disse que a injeção do veneno com apoio da vara de carbono, para aceder aos sítios mais altos, exige apenas uma deslocação, em pleno dia, e que o inseticida, associado a uma substância adocicada, é aplicado de imediato.

O ninho não é desmantelado e todos os animais sucumbem à medida que entram no vespeiro.

“Temos aqui um surto. Este ano há um aumento exponencial do número de ninhos”, confirmou à Lusa José Carlos Marques, coordenador municipal da Proteção Civil de Oliveira do Hospital.

José Carlos Marques, que é também presidente da Junta de Freguesia de Lourosa, revelou que, em colaboração com os bombeiros voluntários deste município do interior do distrito de Coimbra, “foram destruídos 30 e tal ninhos” nos últimos três meses.

A Proteção Civil local combate a vespa velutina através da queima, aplicação de pesticida e colocação de armadilhas.

“Tem havido queixas dos apicultores e de que maneira”, declarou, por sua vez, o presidente da Cooperativa Lousãmel, António Carvalho.

Alguns associados “até dizem que desistem” da atividade apícola, acrescentou à Lusa.

“Muitas colmeias vão ao ar”, segundo António Carvalho, que, depois dos incêndios e da instabilidade climática, lamentou mais esta ameaça à produção do mel com denominação de origem protegida (DOP) da Serra da Lousã.

A vespa velutina “veio trazer transtornos muito grandes” ao setor, o que obrigará a “alterações no maneio” das colmeias, referiu.

Lusa

Foto: PAULO NOVAIS/LUSA