Cria de lobo-marinho está há quatro dias no areal da ilha do Porto Santo

Uma cria de lobo-marinho está desde o dia 10 deste mês no areal do Porto Santo, numa situação completamente inusual e que deverá levar os responsáveis a transportá-la para as ilhas Desertas, o seu habitat natural.

O primeiro avistamento aconteceu na quarta-feira, dia 10 quando, para surpresa de muitos, apareceu na praia da ilha do Porto Santo e até hoje não saiu do mesmo sítio.

O presidente do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), Paulo Oliveira, reconhece a situação pouco usual já que a cria veio das ilhas Desertas que se situam praticamente em frente à ilha do Porto Santo numa das suas primeiras viagens de descoberta.

“Aquela cria é um animal que nasceu em novembro. É um animal que está autónomo e a fazer as suas primeiras viagens de prospeção e foi ali parar numa destas viagens e obviamente que encontrou ali algumas condições que o fazem permanecer”, explicou.

O comportamento do animal tem sido regular: desaparece de noite para ir caçar e alimentar-se, voltando depois pela manhã para descansar no areal dourada da ilha do Porto Santo.

Esta presença obrigou o IFCN a construir uma zona de segurança para o animal que neste momento é vigiado por quatro vigilantes da natureza para além de já ter sido observada tanto por uma veterinária como pela bióloga que pertence aos quadros do IFCN.

Mas Paulo Oliveira reconhece que esta não é uma situação ideal para o bem-estar do animal e equaciona, caso a cria não vá a expensas próprias de volta às ilhas Desertas, ser o próprio IFCN a transportá-la para o seu habitat.

“Existe essa possibilidade de, se o animal voluntariamente não abandonar o local, recolhe-lo e levá-lo para as [ilhas] Desertas exatamente para o local onde ele nasceu. Isto porque nós temos a indicação exata do local onde ele nasceu, local que vai reconhecer e onde vai ficar melhor”, disse, ainda que o animal nesta idade já pese entre 80 a 90 quilos.

A foca-monge do Mediterrâneo ou lobo-marinho, Monachus monachus, como é conhecida no arquipélago da Madeira, é a foca mais rara do mundo e uma espécie considerada em perigo crítico pela União Internacional para a Conservação da natureza. Em Portugal, ocorre unicamente no arquipélago da Madeira, mais especificamente nas Ilhas Desertas e ilha da Madeira.

O extinto Serviço do Parque Natural da Madeira iniciou um projeto para a conservação do lobo-marinho e do seu habitat em 1988 o que levou à criação da Área Protegida das Ilhas Desertas em 1990 que, entretanto, passaram a Reserva Natural em 1995.

A proteção ‘in loco’, a monitorização e o estudo do Lobo-marinho, juntamente com a educação ambiental, têm sido as principais estratégias utilizadas para a sua salvaguarda.

Lusa