Ciclo de Teatro Amador prossegue em Cantanhede e na Tocha 

O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede tem agendados para o próximo sábado mais dois espetáculos, um na cidade sede do município, outro na Tocha. No primeiro caso é o Grupo Cénico do Clube União Vilanovense que cumpre, a partir das 21h30, a sua jornada de itinerância no auditório do Centro Paroquial de S. Pedro, em Cantanhede, interpretando “Sexta-feira 13”, peça que relata um conjunto de peripécias por que passam dois casais num “dia de azar”, por altura do Natal. Um ganha o euromilhões, mas o bilhete vai na mala de viagem que emprestou a um amigo, uma das esposas comete adultério e descobre que está grávida, e o seu marido, que supostamente teria morrido quando o avião em que viajava se despenhou no mar, afinal está vivo. Uma comédia feita de imprevistos que no final se resolvem.

Também no sábado, igualmente às 21h30, o GATT – Grupo de Teatro Amador da Tocha, da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio, estreia “Viúva, porém honesta”, numa adaptação da obra original da autoria de Nelson Rodrigues. Na peça, um diretor de jornal com grande influência no país tudo faz para demover a filha a deixar de velar o marido falecido e voltar a ter uma vida normal, uma vez que tem apenas quinze anos. Como a jovem pretende voltar a casar, o pai resolve contratar um grupo de especialistas, todos eles charlatões, para a dissuadir da ideia. O casamento havia acontecido para justificar uma gravidez precoce e indesejada, que afinal tinha sido inventada pelo médico da família, um velho baralhado e amalucado.

Sobre o Grupo Cénico do Clube União Vilanovense

A origem do Grupo de Teatro do Clube União Vilanovense remonta ao início do século passado, quando um conjunto de entusiastas formou um agrupamento cénico de carácter amador na localidade. Fundado em 1913, durante anos o grupo era constituído maioritariamente por homens, o que obrigava a que alguns papéis femininos fossem interpretados por elementos do sexo masculino.

A sua atividade tem sido quase contínua desde a sua existência, tendo interrompido as representações apenas nas décadas de 1940 e 1970, mas nunca por períodos superiores a um ano. Na primeira década de existência, funcionou sem sede própria, apresentando as peças numa adega particular, até que, em 1926 foi inaugurada a sede do Clube União Vilanovense num imóvel que ainda hoje é a casa-mãe da coletividade.

Atualmente, são cada vez mais os jovens que se dedicam às artes cénicas e à expressão dramática. Todos são atores amadores, sendo de salientar o facto de muitos frequentarem ações de formação neste domínio, designadamente as que a Câmara Municipal de Cantanhede tem vindo a promover, sob orientação de atores profissionais.

Além da representação, há outras vertentes, desde o grupo coral e respetivos músicos, passando pela execução de tarefas de produção, como a montagem dos cenários, preparação dos adereços, iluminação e som, as quais estão a cargo de elementos que trabalham arduamente para que os espetáculos atinjam a melhor expressão artística possível.

Geralmente o Grupo Cénico do Clube União Vilanovense estreia no Dia de Natal uma nova peça, trabalho com o qual participa em cada edição do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, despertando o interesse do público por meio desta generosa oferta cultural, mas também para motivar os elementos para novos desafios artísticos.

 

Sobre o GATT – Grupo Amador de Teatro da Tocha

As origens do GATT – Grupo Amador de Teatro da Tocha ninguém as sabe ao certo e também não existe nenhum documento escrito onde estejam registadas. São os elementos antigos com mais anos de casa que contam, entre as memórias que ainda surgem, os momentos mais marcantes de que há lembrança.

Os ensaios decorriam na antiga sede, localizada na Rua Dr. José Gomes da Cruz. A primeira peça foi levada à cena na década de 60, no antigo Grémio de Instrução e Recreio da Tocha, onde se realizavam os bailes (no atual café Esplanada), mas a continuidade perdeu-se.

É na década de 70, pelas mãos de Júlio Garcia Simão, encenador e antigo funcionário do Rovisco Pais, que o Grupo de Teatro ganha novo alento. Mais tarde é substituído por Américo Guímaro, que levou à cena a peça “A Forja”, também encenada no Festival de Teatro de Montemor-o-Velho. É com ele que se estreia a peça “Frei Thomaz”.

Segue-se novamente um período de interregno, onde apenas se fazem alguns “sketches”, para em 1984 Júlio Campante, de Coimbra mas casado com a professora da escola primária da Tocha, dar uma nova dinâmica ao Grupo Amador de Teatro, que com ele começou a atuar em palcos um pouco por todo o país.

O bichinho do teatro ficou de vez, e já na sede da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio da Tocha, “o salão encheu-se um punhado de vezes”. A população aderia aos espetáculos e é com o Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede e a participação no certame que o grupo se revitaliza e se consolida, ficando apenas marcada por um interregno de um ano, em 2003, devido a um vazio de direção instalado, e em 2012, por doença do ator principal, Américo Romão.

O Grupo de Teatro Amador da Tocha já levou a palco diversas peças de diferentes estilos, tais como “A Casa dos Pais”, “Entre Giestas”, “A Mala de Bernardete”, “Serão Homens Amanhã”, “Há Horas Diabólicas”, “As Duas Cartas”, “Uma Sardinha para Três”, “Terra Firme”, “Frei Thomaz”, levada a palco na década de 1970 e que em 2009 voltou a estar em cena, seguida de “Falar Verdade a Mentir”, “A Forja”, “O Doente Imaginário”, uma adaptação do original da autoria de Molière, “Verdades e mentiras da vida real”, um original da autoria de José Maria Giraldo, e Desejo Voraz, peça com que encerrou a 18.ª edição do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede. Em 2017 retomou a encenação de “As duas cartas” da autoria de Júlio Dinis e na última edição participou com “Os Turistas”, uma adaptação do texto original de Luís Gonçalves.