Ceará em estado de sítio. Onda de violência e centenas de ataques sem fim à vista

É uma guerra declarada ao Estado. Há seis dias que todas as noites há ataques no estado brasileiro de Ceará, uma onda de revolta contra o endurecimento das regras nas prisões.

O estado brasileiro do Ceará está desde o início do mês a ser palco de uma onda de violência. A polícia já deteve 110 pessoas, incluindo 34 menores, por suspeita de envolvimento em 127 ataques contra prédios públicos, autocarros, agências bancárias e lojas.

Tudo começou no dia 2 de janeiro em Fortaleza, capital do estado do Ceará, e desde aí estendeu-se a pelo menos 37 cidades. Todas as noites foram noites de caos, com tiroteios, incêndios e ataques bombistas.

Dois suspeitos foram mortos durante uma troca de tiros com a polícia e várias pessoas ficaram feridas, incluindo um militar atingido a tiro. Em Fortaleza, um casal de idosos e um motorista sofreram queimaduras.

A Secretaria da Segurança do Ceará não avança uma explicação para os ataques, mas a imprensa brasileira escreve que se pode tratar de uma represália contra as declarações do novo secretário de Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, que quer endurecer regras nas prisões.

O novo responsável quer, por exemplo, impor mais controlo à entrada de telemóveis nos estabelecimentos prisionais e acabar com a divisão dos reclusos nas prisões de acordo com o grupo criminoso a que pertencem.

Segundo fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança, citada o jornal Globo, os membros de duas fações rivais fizeram um “pacto de união”para “concentrar forças contra o Estado”.

Nos prédios de várias cidades apareceram grafitadas palavras de ordem conta Luís Mauro Albuquerque.

O governo brasileiro autorizou o envio de tropas federais para reforçar a segurança e cerca de 300 homens e 30 patrulhas da Força Nacional de Segurança Pública reforçaram o policiamento sábado, em especial em Fortaleza, que concentra cerca 80% dos ataques

A decisão pariu do novo ministro da Justiça, Sérgio Moro, que também ofereceu 60 “vagas” em prisões federais de segurança máxima para que o estado do Ceará possa enviar os prisioneiros mais perigosos para outros estabelecimentos prisionais.

“Apesar do Governo do estado do Ceará ser do PT e realizar forte oposição a nós, jamais abandonaríamos o povo cearense neste momento de caos”, escreveu no Twitter o novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

O Ceará foi o terceiro estados brasileiro que mais registou mortes mais violentas em 2017, com uma taxa de 59,1 mortes por cada 100 mil habitantes.

Carolina Rico / TSF

Foto: EPA