Casas de banho do cemitério de Ílhavo correm Mundo

Projeto de dois irmãos arquitetos já mereceu destaque na Tailândia, nos Estados Unidos e no Brasil, entre outros países.

São casas de banho, foram construídas no cemitério de Ílhavo, mas não é por isso que não podem correr Mundo. Aliás, estão a fazê-lo. As fotografias do edifício, concluído há um ano e da autoria dos irmãos Sofia Senos e Ricardo Senos, arquitetos, têm tido destaque em vários países, tendo sido publicadas em revistas de arquitetura e de “lifestyle” da Tailândia, da China, da Noruega, da Suécia, do Canadá, de Inglaterra e dos Estados Unidos, por exemplo.

Foi há cerca de três anos que a Junta de Freguesia de São Salvador, responsável pelo cemitério, encomendou ao escritório M2.Senos, propriedade dos dois irmãos ilhavenses, o projeto da obra. “Pediram-nos a reconversão de um edifício que já existia e no qual estavam as casas de banho, mas que era gigante e que ficava quase colado à capela. O objetivo era torná-lo mais pequeno e libertar a capela”, explica Sofia Senos, uma das autoras do projeto.

Mas aquilo que poderia ter sido um trabalho banal num cemitério – espaço muitas vezes pouco apreciado a nível estético -, tornou-se numa obra “com a importância de qualquer outra”. “Seja um projeto de 50 ou de 500 mil euros, o gozo é o mesmo, desde que as partes se entendam e que seja bom de trabalhar. É essa a postura que temos sempre nos nossos trabalhos”, sublinha a arquiteta, de 34 anos, que trabalhou a par do irmão, Ricardo, de 42.

Assim, o que era para ser apenas um edifício que albergaria três casas de banho – homens, mulheres e de acessibilidades -, passou a incluir também um pequeno espaço, destinado ao coveiro e seus ajudantes, onde podem descansar, tomar banho ou trocar de roupa, tendo, também, um compartimento para guardar a carreta (utilizada no transporte das urnas).

Edifício “anónimo e abstrato”

O edifício é verde por fora e branco por dentro. Não tem janelas, beneficiando da luz natural de claraboias no teto, e não utiliza ventilação artificial. É simples. “Quisemos que fosse anónimo e tão abstrato quanto possível. E achámos que só podia ser verde, para ficar associado aos aspetos naturais do cemitério, como as árvores e os canteiros. O feedback de quem o utiliza tem sido muito positivo”, garante Sofia Senos.

 

Fonte: JN