Cantor norte-americano R. Kelly volta a ser acusado de pedofilia

O mediático advogado Michael Avenatti disse ter na sua posse um novo vídeo que mostra o músico norte-americano R. Kelly, já acusado de pedofilia no passado, a ter relações sexuais com uma menor de idade.

Num comunicado publicado no Twitter, o advogado Michael Avenatti, que defende a atriz pornográfica Stormy Daniels no seu litígio com o presidente Donald Trump, disse que enviou “esta nova prova de vídeo que estabelece a culpa” do cantor ao promotor do condado de Cook, em Chicago, onde R. Kelly reside.

De acordo com Michael Avenatti, este novo vídeo de 45 minutos é inédito, e nele podem ver-se relações sexuais entre Robert Sylvester Kelly, seu nome de batismo, e uma menina “menor”. Com base nesta prova, o advogado afirmou que quer “levar este predador à justiça”.

Contactado pela AFP, o escritório do promotor não quis confirmar ou negar se estavam a conduzir uma investigação, mas, segundo a revista The New Yorker, R. Kelly pode ser acusado e preso.

Segundo o canal de televisão CNN, que teve acesso ao vídeo, há dois homens visíveis no material captado, sendo que se vê “um homem nu que parece ser R. Kelly a ter relações sexuais com a menina”.

“Não é possível determinar a idade apenas a partir do vídeo”, diz a CNN, acrescentando que o homem nu que se parece com R. Kelly e a menina estão a falar dos órgãos genitais desta última e a dizer que têm “14 anos”.

Steve Greenberg, o advogado que representa R.Kelly, não se pronunciou ainda sobre o caso. Contudo, Greenberg defendeu numa entrevista à Associated Press em janeiro que o cantor “nunca teve relações sexuais com conhecimento de que as mulher era menor de idade, nunca forçou ninguém a fazer nada, nunca manteve ninguém cativo, nunca abusou ninguém”.

As palavras de Greenberg referem-se às acusações de pedofilia e agressão sexual que pendem sobre R. Kelly há décadas. Como lembra a revista norte-americana, o cantor foi indiciado em 2002 com 21 crimes num caso de pornografia infantil relativo a uma gravação que fez em 1998. Nesse vídeo, R.Kelly parecia também estar a abusar sexualmente de uma rapariga de 14 anos, mas o cantor foi ilibado em 2008.

No ano passado, R. Kelly foi acusado de ter um culto sexual de mulheres cativas contra a sua vontade, abusando delas física e mentalmente. Já em 2019, o seu nome veio à tona novamente após o lançamento, no início do ano, do documentário de seis horas “Surviving R.Kelly”, onde várias mulheres o acusam de abusos sexuais e comportamento predatório que durará há várias décadas.

R. Kelly casou-se brevemente em 1994 com a jovem estrela Aaliyah, de 15 anos, cujos pais anularam posteriormente o casamento. A cantora e atriz faleceu num acidente aéreo.

O acumular de acusações começou a ter repercussões profissionais para o músico. A plataforma de streaming de música Spotify optou por retirar R.Kelly das suas playlists no ano passado, mas voltou atrás na sua decisão depois de vários artistas, como Kendrick Lamar, ameaçarem boicotar o serviço por considerarem a iniciativa uma forma de censura. No entanto, o crescer da contestação pública ao cantor foi uma das razões para a empresa sueca estrear o botão de “mute” na plataforma, que permite aos utilizadores ocultar as músicas de um determinado artista.

No entanto, com o lançamento do documentário neste ano, vários artistas começaram a distanciar-se e a renegar trabalhos que tiveram com o cantor, como Lady Gaga, que pediu para remover a canção “Do What U Want”, assinada com ele, de todas as plataformas de streaming. Outra consequência para R.Kelly foi o facto da editora Sony Music ter rescindido o contrato que tinha o cantor.

Lusa