Aulas de 25 minutos e divisão de turmas no novo ano letivo em Cabo Verde

O ano letivo em Cabo Verde arranca na quinta-feira com cerca de 132 mil alunos, marcado pela pandemia da covid-19, com aulas presenciais em todo o país, exceto na capital, devido ao aumento dos casos, segundo fonte oficial.

Segundo a diretora nacional da Educação, Eleonora Sousa, no rearranjo do novo ano letivo, o Ministério da Educação decidiu dividir as turmas com número superior a 20 alunos, em que metade terá aulas durante um período, com interrupções de 30 minutos, para a entrada da outra metade.

As aulas serão de 25 minutos, com intervalos de 5 minutos, em que os alunos não mudam de sala, mas sim os professores, para diminuir a circulação dentro das escolas, disse ainda a responsável educativa, avançando que até ao 4.º ano de escolaridade os alunos terão cerca de duas horas de aulas presenciais por dia, ou seja, quatro aulas.

Para o segundo nível de ensino básico e secundário (5.º ano ao 12.º ano), os alunos vão ter mais horas, mas metade da turma vai estar na escola às segundas, quartas e sextas-feiras, enquanto a outra metade vai ter aulas às terças, quintas e sábados, ainda segundo Eleonora Sousa.

A diretora disse, no entanto, que as orientações deixam em aberto a possibilidade de cada concelho adequar os horários às suas especificidades, com um “grande número de escolas” que poderão funcionar normalmente.

“Porque ficam em localidades onde o número de alunos é reduzido e as salas permitam o funcionamento normal”, salientou a diretora, referindo que, como complemento das aulas presenciais, haverá aulas à distância, transmitidas pela rádio, televisão e internet.

“São estas as alternativas, os cenários que nós analisámos e encontrámos e pensamos ter dado as orientações que julgamos ser as melhores”, prosseguiu a mesma fonte à Lusa, para quem todo este trabalho está a ser feito em articulação com o Ministério da Saúde e as delegações do Ministério da Educação.

O ano letivo vai arrancar com cerca de 132 mil alunos nos diferentes níveis de ensino, praticamente o mesmo número do ano anterior, com cerca de 20 mil alunos no pré-escolar, 80 mil no ensino básico (1.º ao 8.º ano) e os restantes no ensino secundário (9.º ao 12.º ano), auxiliados por perto de seis mil professores.

A diretora disse que está tudo preparado para o início das aulas e que o Ministério da Educação está em estreita articulação com o Ministério da Saúde, tendo já sido tomadas todas as medidas em termos de higienização, distanciamento e utilização obrigatória das máscaras nas escolas.

Relativamente ao uso de máscaras, a diretora nacional da Educação informou que os alunos que têm o apoio da Fundação Cabo-verdiana de Ação Social Escolar (FICASE) vão receber esses equipamentos nos kits escolares.

Também adiantou que as famílias mais vulneráveis foram identificadas, para que aos seus alunos sejam disponibilizadas máscaras de proteção individual.

“Mas é um esforço que terá que ser feito com os pais, mães e encarregados de educação, que podem comprar máscaras para os seus educandos, devem também colaborar”, disse Eleonora Sousa, pedindo igualmente a colaboração de toda a sociedade cabo-verdiana.

O distanciamento é para ser garantido dentro das salas de aula, segundo a diretora, adiantando que será disponibilizado desinfetante e um pano aos alunos, para limparem os seus materiais e a carteira que vão utilizar, sempre que acharem necessário.

Nos períodos de 30 minutos para troca de turmas, os espaços serão higienizados pelo pessoal de limpeza, disse ainda a porta-voz do Ministério da Saúde.

A diretora da Educação reconheceu o constrangimento que a redução de horário e as novas regras poderão criar nos pais e encarregados de educação – que têm na escola um espaço para deixar os filhos para depois irem trabalhar – mas considerou que só o Ministério da Educação não poderá dar essa resposta, dizendo que deverá ser um trabalho articulado entre a tutela, as entidades empregadoras e os pais.

A diretora disse também já ter constatado a preocupação e receio de pais em mandar os seus filhos para a escola por causa da pandemia, garantindo que estão a ser criadas todas as condições, por considerar que o regresso dos alunos às escolas é fundamental para a sua saúde mental e psicológica, uma vez que estão em casa desde o mês de março.

Segundo a responsável, o Governo está ainda a equacionar criar um regulamento ou portaria para o ensino doméstico.

Lusa

Foto: saudemaistv