As várias “vidas” de Cândido Ferreira retratadas em três livros

Médico, professor, escritor, político e, em todas estas facetas, um humanista. Foram as várias dimensões de Cândido Ferreira a tónica dominante das intervenções na sessão de apresentação dos livros “Nos Bastidores da Medicina”, “Estórias deste Mundo e do Outro” e “Covid-19 A Tempestade Perfeita”, da sua autoria.

Na sessão que decorreu na Biblioteca Municipal de Cantanhede, o vice-presidente da Câmara Municipal, Pedro Cardoso, referiu-se ao autor como alguém que “para além da notável e reconhecida carreira como médico, sempre teve uma incansável militância cívica, política, e uma intervenção social com uma agenda humanista, marcada pela luta pela democracia e liberdade”.

O autarca aproveitou para reiterara mais viva gratidão do Município pela generosidade da doação do valioso espólio das coleções, um gesto que torna Cândido Ferreira e a esposa credores do reconhecimento das atuais e futuras gerações do concelho por este património que pretendemos musealizar”.

“O Município está a honrar esse gesto ao criar o Museu de Arte e Colecionismo e a trabalhar para o tornar uma referência cultural com identidade reconhecida a nível nacional”, enfatizou.

Sobre as obras apresentadas, refletem as vivências do autor, seja como médico ou simples cidadão do mundo, todas com uma visão muito peculiar e um sentido crítico apurado. Isso mesmo foi destacado pelas personalidades que apresentaram cada uma das três obras.
Em “Estórias deste Mundo e do Outro”, uma coletânea de contos e crónicas, o também escritor António Canteiro destacauma oralidade impregnada em metáfora, com expressões ricas e a propósito, que trazem à narrativa, neste caso, ao conto, uma vivacidade permanente”.

Cândido Ferreira, continuou o apresentador do livro, tem o “dom da linguagem popular, imersa no requinte da linguagem douta (bafejada, também pela de cariz técnico que a profissão médica lhe trouxe), e mais do que isso, são lições do quotidiano, as Estórias deste Mundo… “.

Ao médico Rui Crisóstomo, que por motivos pessoais não esteve presente, fazendo-se representar por Cidalino Madaleno, coube falar sobre “Covid-19 A Tempestade Perfeita”, uma publicação que aborda múltiplas perspetivas da pandemia. “É um trabalho revelador, mais uma vez, das preocupações dominantes do cidadão e do médico perante uma catástrofe anunciada, evidenciando profundo saber científico fartamente experienciado, que lhe permitiu denunciar as erradas decisões de quem tutela e os seus perniciosos efeitos – e apontar soluções que, por estarem sempre muito à frente no tempo, só muito mais tarde foram reconhecidas na sua justeza e validade. Infelizmente, quando o foram, para muitos, era tarde demais”, destacou no seu texto de apresentação.

“Nos Bastidores da Medicina”, José Soares, diretor do Agrupamento de Escola Lima-de-Faria, diz que o autor relata as suas aventuras profissionais numa linguagem fluída, simples e acessível, proporcionando ao leitor a descoberta, página a página, de casos reais da atividade médica.

É, sem dúvida, um livro que vale a pena ler e um inestimável contributo para a Medicina e para quem se interessa pelo conhecimento dos bastidores da prática médica, concluiu.

Cândido Ferreira nasceu em Febres e desde criança se revelou inquieto e polifacetado, muito empenhado em múltiplas causas de cariz social, cultural e até na investigação científica.

Para além da uma carreira de referência na área da Medicina, destacou-se como escritor de romances, contos, crónicas e ensaios, sendo membro da Associação Portuguesa de Escritores, a convite da Direção.

Democrata e humanista, assumiu diversos cargos políticos, tendo em 2019 sido agraciado pela Assembleia Municipal de Cantanhede com um “Voto de Louvor”.