As cicatrizes e as suas consequências invisíveis

 

 

 

 

 

 

 

 

 Márcia Caramujo

Fisioterapeuta pós graduada em fisioterapia respiratória

ProReab – Reabilitação Avançada, em Mira

 

As cicatrizes são consequência de uma lesão da pele, quer seja intencional, como numa cirurgia, ou acidental, após traumas ou queimaduras.

O processo de recuperação da pele começa, com o aporte sanguíneo ao local da lesão, que permite a vasoconstrição na região. A partir daí, ocorre uma série de reações, que vão possibilitar a normal cicatrização dos tecidos. A última fase de cicatrização pode durar anos e depende do tamanho e da natureza da lesão. É nesta fase que ocorre a remodelação da cicatriz de forma a ficar com elasticidade e o mais próximo possível da estrutura da pele.

Quando esta adquire a textura e a consistência idêntica ao que tinha anteriormente ao trauma, a cicatriz é chamada de normotrófica.

 

Mas, o que acontece caso haja alguma alteração neste processo fisiológico?

O processo de cicatrização pode ir para um estado não fisiológico (não normal) e dar origem a 3 tipos de cicatrizes, cada uma com uma diferente etiologia:

  • Cicatriz hipertrófica: esta é uma cicatriz que está elevada em relação à pele ao seu redor mas mantém-se na área da lesão;
  • Cicatriz quelóide: esta cicatriz além de se apresentar elevada em relação à pele, começa também a proliferar na área em redor à lesão original;
  • Cicatriz atrófica: esta cicatriz apresenta-se como uma depressão cutânea.

Uma cicatriz pode ser mais problemática do que aquilo que normalmente pensamos. Além do problema estético, as cicatrizes podem levar a disfunções, alterações na mobilidade e funcionalidade do corpo e dores, mesmo em locais à distância de onde ela está.

Figura 1 Tipos de cicatrizes

 

E porque estas alterações surgem?

Numa cirurgia em que é feito um corte profundo que atinge várias camadas (como por exemplo a apendicectomia -retirar o apêndice-, cesariana, colocação prótese na anca/ joelho, ou mastectomia) este irá criar uma “lesão” em todos os tecidos envolvidos: pele, fáscia, tecido subcutâneo, gordura, músculos e órgãos – todos eles estão relacionadentre si.

A fáscia é o sistema no nosso corpo que envolve e liga todos os tecidos no nosso corpo (ossos, músculos, órgãos, etc…), possuindo a capacidade de transmitir tensões entre si e permitindo um movimento harmonioso. Na região do corte, a zona irá ser suturada de forma a fixar e não voltar a abrir. Esta fixação, leva a uma alteração na continuidade da fáscia e vai influenciar essa mobilidade global dos tecidos.

No local afetado, é comum surgirem aderências tecidulares, levando a diminuição da mobilidade das estruturas envolventes, por um estímulo de proteção. Isto vai impedir que as zonas mais próximas se movam demasiado e repuxem a cicatriz, levando a que as zonas à distância tenham de compensar essa falta de mobilidade local.

Assim, cada vez que nos mexemos, a capacidade do nosso corpo se ajustar ao movimento vai estar comprometida, alterando a biomecânica corporal e levando a alterações posturais pela restrição fascial, provocando dores e fraqueza muscular (mesmo à distância).

 

Figura 2 Cicatriz decorrente de cesariana

Um exemplo muito comum são as dores lombares, relacionadas com cicatrizes na região abdominal – uma cesariana por exemplo. Nesta cirurgia é necessário cortar várias camadas de tecido até ao útero, que vai levar a uma cicatriz com aderências entre os músculos abdominais e com as camadas mais profundas que envolvem os órgãos internos dessa região (útero, intestinos, bexiga, etc.). O processo de cicatrização vai levar à restrição de mobilidade da zona intervencionada e vai criar um ponto fixo, que vai influenciar a mobilidade dos tecidos. Gradualmente, essas fixações vão levar a alterações posturais e restrições de movimento a nível lombar e da bacia, que levam a compensações e consequentemente ao surgimento de dor.

 

É importante saber analisar uma cicatriz e devem ser tidos em conta alguns aspetos:

  • Perceber se a cicatriz se encontra dura, espessa e com fibroses;
  • Alterações da cor (tons de vermelho, mais ou menos escuro);
  • Muitas vezes a zona da cicatriz encontra-se com hipersensibilidade (dor ou muita dificuldade em tocar na área afetada) ou com diminuição/perda da sensibilidade.

 

Em que consiste o tratamento?

Após uma cirurgia, os profissionais de saúde aconselham a massagem, com creme hidratante, sobre a cicatriz. Isto vai ajudar na aparência estética da cicatriz e até melhorar um pouco a sua mobilidade, mas não é o suficiente. Como já foi referido anteriormente, houve uma alteração no sistema fascial do organismo, que deve ser corrigida.

O tratamento irá sempre depender de uma avaliação individualizada do paciente, de forma a perceber qual é o tipo de cicatriz, as suas aderências e fibroses, se existem alterações posturais relacionadas, restrições de movimento, alterações da sensibilidade e dor. A partir daí é traçado o plano de tratamento será composto por:

  • Técnicas de libertação da cicatriz;
  • Mobilização dos tecidos;
  • Correção postural;
  • Técnicas viscerais;
  • Mobilização e reeducação diafragmática.

 


A
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Figura 3 Tratamento da coluna vertebral com Indiba Activ

 

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Fontes bibliográficas do texto:

– Zanier, E., & Bordoni, B. (2015). A multidisciplinary approach to scars: a narrative review. Journal of multidisciplinary healthcare8, 359.

– Bordoni, B., & Zanier, E. (2014). Skin, fascias, and scars: symptoms and systemic connections. Journal of multidisciplinary healthcare7, 11.

– Antunes, M. M., & Domingues, C. A. (2009). As principais alterações posturais em decorrência das cicatrizes de cirurgias plásticas. ConScientiae saúde7(4), 509-518.