Apresentação do livro “O último moleiro do rio”, na Biblioteca Municipal de Vagos

Este é um livro essencialmente sobre pessoas. Podia ser um livro sobre a vida de muitos de nós, se porventura tivéssemos vivido naquela época e confrontados com aquelas circunstâncias. Uma história sobre as gentes dos moinhos.

Num confronto entre a tradição e a modernidade, entre o apego à memória e a busca por um futuro diferente, cultivam-se os sonhos e perdem-se as ilusões, com a certeza porém de que nada será como dantes.

Enquadramento

“Depois da publicação de diversas obras que tiveram como base a investigação e os trabalhos de campo efectuados na área da Molinologia, procurando assim a documentação e valorização do nosso património molinológico, senti a necessidade de escrever sobre todos aqueles que comigo têm partilhado as suas memórias nos últimos anos, há mais de uma década e meia, desde que me comecei a dedicar à temática dos moinhos tradicionais. Escrever algo mais sobre as suas vidas, sobre um modo de vida que foi passando de geração em geração ao longo dos últimos séculos, mas que se foi extinguindo completamente ao longo das últimas décadas.

Procurei assim “humanizar” um pouco mais todo este património, sendo que este foi construído e mantido activo
por pessoas, sem as quais nada existiria ou faria sentido. Resolvi fazê-lo através deste conto. Nele procurei sintetizar e ao mesmo tempo abarcar um conjunto de pequenas «estórias», de que foi feita parte da história destes moleiros e moleiras, heróis anónimos de outras épocas.

Todas as personagens deste conto têm por base homens e mulheres que terão vivido esses tempos, sendo que todo o enredo foi ficcionado e é da inteira responsabilidade do autor, embora tendo por base factos históricos do período onde este decorre, algures nos finais da década de sessenta do século XX, assim como factos da vida de alguns protagonistas reais, os quais me deram a honra de comigo partilharem as suas memórias.

Como personagem principal temos um casal de moleiros, um dos últimos que continua a deslocar-se de forma sazonal ao moinho do grande rio, de forma a poderem garantir a continuação da actividade moageira durante o período estival.

Com o ansiado regresso da guerra em África do seu único filho, este traz consigo uma outra visão do mundo e dos ventos de mudança que aos poucos, mas de forma inexorável, começavam a pôr em causa mentalidades e modos de vida. Nesse confronto entre a tradição e a modernidade, entre o apego à memória e a busca por um futuro diferente, cultivam-se os sonhos e perdem-se as ilusões, com a certeza porém de que nada será como dantes.”

O autor

Armando Jorge de Carvalho Ferreira é natural de Albergaria-a-Velha onde nasceu em 1965.
Esta é a sua primeira obra de ficção, sendo que nas últimas duas décadas se tem dedicado à investigação e divulgação na área da Molinologia, sendo autor de diversas obras e estudos no âmbito dessa temática. Autor em co-autoria com Delfim Bismarck Ferreira do estudo “Moinhos da Freirôa – Uns dos seculares moinhos do Rio Caima no concelho de Albergaria-a-Velha” (separata) e da obra “Moinhos do Concelho de Albergaria-a-Velha” (2003). Autor do estudo “Moinho de armação de Ervosas. Os moinhos de armação na região de Aveiro”, publicado no nº 1 da colecção Molinologia Portuguesa e do estudo “Moinhos e Moleiros do concelho de Estarreja”, publicado em separata
(2007). Autor da obra “Moinhos do Distrito de Aveiro” (2008). Autor em co-autoria com o jornalista Carlos Esteves da infografia “Moinhos de Portugal”, publicada on-line pelo jornal Expresso (2012). Autor do estudo “As atafonas no concelho de Albergaria-a-Velha e na região de Aveiro – A atafona do Sobreiro”, publicado em separata (2015). Autor da comunicação “Os moinhos de vento no distrito de Aveiro”, publicado nas actas do Colóquio Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses (2016). Autor do artigo “The Portuguese tower windmills for grinding and their
millwrights” publicado na revista norte-americana Windmillers’ Gazette (2016). Autor do conto “O último moleiro do rio” (2017). Membro da TIMS – Sociedade Internacional de Molinologia e membro e colaborador da Rede Portuguesa de Moinhos, assume a coordenação geral da organização ao nível do distrito de Aveiro do evento “Moinhos Abertos de Portugal”, uma iniciativa da Rede Portuguesa de Moinhos no âmbito do Dia Nacional dos Moinhos (de 2007 a 2017).
Mentor do projecto “Rota dos Moinhos de Albergaria-a-Velha”, colaborador na sua implementação no terreno e consultor para o acompanhamento e desenvolvimento da mesma (de 2012 a 2014).
Paralelamente à investigação levada a cabo na área da Molinologia, é responsável por uma das únicas páginas de Internet que a nível nacional aborda em exclusivo esta temática, colabora com alguns artigos temáticos na imprensa regional e participa em palestras ou conferências dedicadas ao tema.