Ângelo Girão disse nunca ter pensado ser o herói português do Mundial

O guarda-redes Ângelo Girão afirmou que nunca pensou em tornar-se o herói nacional na conquista do campeonato mundial de hóquei em patins, em final decidida nas grandes penalidades diante da Argentina.

Na chegada da comitiva ao aeroporto de Lisboa, onte, no qual centenas de portugueses receberam os campeões mundiais da modalidade, Ângelo Girão disse ter sonhado várias vezes com esta conquista, mas que o sentimento superou as expetativas.

“Nunca pensei em ser o herói. Sonhei várias vezes em como seria ganhar um Mundial, mas nunca pensei que fosse desta maneira. O mais importante foi o título mundial, é um trabalho coletivo e o ênfase tem de ser dado à seleção e a tudo o que conseguimos fazer. Estamos muito contentes”, confessou.

Ângelo Girão revelou o que sentiu nos momentos de maior tensão vividos durante o Campeonato do Mundo, sobretudo na final com a Argentina, apenas decidida nas grandes penalidades, em que o guardião defendeu quatro dos cinco penáltis apontados pela seleção adversária.

“São momentos de tensão que fazem a diferença no final do jogo. Temos de saber gerir os momentos de ansiedade e dificuldade psicológica. Senti um peso enorme, o nervosismo do jogo foi complicado. Felizmente, consegui ajudar a equipa e o resultado está à vista”, sublinhou.

O hoquista, que representa o Sporting, falou num ano “excelente”, aliando este mundial pela seleção à conquista da Liga Europeia de hóquei em patins ao serviço do clube ‘leonino’, mas recusou o título de melhor guarda-redes do mundo.

“A nível de clubes, podíamos ter feito mais alguma coisa no campeonato nacional, mas nunca posso dizer que foi um mau ano. Foi excelente, estou a viver um sonho e não quero acordar. Não acho que seja o melhor guarda-redes do mundo, para mim são os dois do Barcelona, mas temos muito bons guarda-redes em Portugal e estou contente por fazer parte desse lote”, analisou.

O selecionador nacional de hóquei em patins, Renato Garrido, confessou que o grupo esteve sempre “com muita vontade de ganhar”, mesmo sabendo das dificuldades que iriam enfrentar.

“Desde o início, tivemos muita vontade de ganhar. Sabíamos que era difícil, enfrentámos as melhores seleções do mundo. Se não houver compromisso, solidariedade, amizade e não lutarem todos pelos mesmos objetivos, é muito difícil fazer o que conseguimos. Tivemos isso tudo, foi a nossa maior arma”, explicou.

Já Luís Sénica, presidente da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP), disse que esta geração de jogadores “passou despercebida”, mas elogiou a persistência para conquistar o que todos acreditavam que, um dia, cairia para Portugal.

“Foi uma grande equipa, uma geração que tem quatro finais nos últimos anos e que passou despercebida a muita gente. Foi a concretização daquilo que todos acreditávamos, com qualidade, excelência, maturação e grande sentido de mentalidade desportiva que nos fez ultrapassar todas as dificuldades”, declarou.

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, mencionou a diversidade desportiva de qualidade em Portugal, com várias conquistas nos últimos tempos que fizeram os portugueses “vibrar”.

“Portugal é um país rico desportivamente pela diversidade que temos vivido. Estes jogadores fizeram mais uma vez este país vibrar. Já somos fortes em hóquei em patins há alguns anos, mas somos cada vez mais fortes em muitas modalidades, o que é absolutamente extraordinário”, considerou.

Portugal sagrou-se, no domingo, campeão mundial de hóquei em patins, 16 anos depois da última conquista, ao vencer a Argentina, por 2-1, no desempate por grandes penalidades, após um nulo no final do encontro.

Lusa