Alterações climáticas e o fim das raças?

Todos já ouvimos falar em alterações climáticas. O aumento da temperatura global, a subida do nível das águas do mar, os efeitos na agricultura… mas e se as alterações climáticas pudessem vir a afectar a aparência humana?

Um estudo realizado por Scott Solomon, professor de ecologia, evolução e comunicação científica na Universidade Rice nos Estados Unidos e autor do livro “Futuros Humanos: Dentro da ciência da nossa evolução contínua”, revelou essa mesma possibilidade.

A mistura de genes entre populações provocada pelas actuais e futuras migrações pode levar a alterações da cor da pele e possuir tez castanha ou morena e olhos claros poderá tornar-se mais comum.

Mas qual a explicação?

O aumento da temperatura global, os fenómenos extremos, como a seca e as chuvas fortes, e o alargamento das estações do ano estão a modificar as espécies. Por exemplo, o salmão está a reproduzir-se em idade mais jovem, as flores brotam mais cedo e os corais estão a criar novas relações com microalgas. Como não será de estranhar, a nossa espécie, Homo sapiens, também será afectada. E tudo por causa das migrações climáticas.

Com o aumento da temperatura, as pessoas são obrigadas a migrar para locais mais favoráveis, onde a água não seja escassa, e mais interiores, devido à subida do nível das águas do mar. Assim, as barreiras geográficas que agora separam populações humanas vão desaparecer, favorecendo a redução na variedade de características fisionómicas.

Este fluxo genético (movimento de genes de uma população para outra), segundo Scott Solomon, pode levar a novas combinações de características do pai e da mãe de populações diferentes, resultando numa característica nova. Um exemplo conhecido é a fisionomia dos habitantes dos ilhéus de Cabo Verde, com as suas faces escuras e olhos azuis, resultado do cruzamento entre portugueses e africanos ocidentais.

As projecções avançam que a população multirracial possa crescer em 174% ao longo dos próximos 40 anos. Para travar as alterações climáticas e evitar a deslocação das pessoas da África subsariana, sul da Ásia e América Latina, o relatório do Banco Mundial refere três acções que os governos devem implementar: acelerar a redução das emissões de gases com efeito de estufa, integrar a migração climática nos planos nacionais de desenvolvimento e investir na
análise de dados para uso no planeamento do desenvolvimento.

Em Portugal, apenas algumas autarquias possuem um plano de mitigação e adaptação às alterações climáticas, como Évora, Porto, Gaia e Lisboa. Estes municípios fizeram o  levantamento das suas maiores vulnerabilidades e projectaram medidas que possam adaptar perante o cenário previsto para essa região.

Relevantes são ainda os dados do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo que apontam o aumento das temperaturas médias registadas diariamente em 558 cidades europeias desde 1900, sendo que em Portugal, foi Évora que mais aqueceu nos últimos 17 anos.

Posto isto, é necessário tomarmos consciência de que podemos e devemos tomar decisões na nossa vida privada e profissional que minimizem a evolução das alterações climáticas senão é provável que dentro de 5 a 10 gerações, ou seja, dentro de 125 a 250 anos, possam existir menos pessoas com pele escura ou clara e mais semelhantes entre si.

Joana Lima