Alexandre Cruz: De Chaves a Faro vai ser sempre a “dar ao pedal”…

Alexandre Cruz é de Carromeu (Mira), tem 29 anos e, desde os 14, mostra que tem pedalada para o seu desporto favorito. Agora, o plano é – nada mais, nada menos – fazer em cerca de 24 horas, toda a Nacional 2. De Chaves a Faro, o pedal vai funcionar por amor ao ciclismo…

Conversar com o bem disposto ciclista mirense é algo que acontece naturalmente. Alexandre carrega um brilho do olhar e um sorriso de quem se sente “no auge da forma atlética” e, também, bastante “fortalecido para tentar atingir um objetivo que vem de longe”. Mas, qual é, afinal este objetivo? “Simplesmente, ficar na história, batendo o recorde deste longo percurso que é, neste momento, de 24 horas e 27 minutos”. 

Nada fácil, portanto, pensará o leitor… e, bem! Este recorde pertence a um bem composto grupo de ciclistas e ele, Alexandre Cruz, tentará cumpri-lo a solo, apenas com o apoio na estrada do carro que o seguirá desde Chaves, onde estarão os “bons amigos Rui Lemos, de Mira e Filipe Ascenção, da Gafanha”.

A ideia, esta, apareceu há três meses e materializou-se há cerca de 1 mês, quando tanto Alexandre como seu treinador Paulo Marinheiro chegaram à conclusão de que estavam “criadas as condições para a aventura”.

Sendo a Nacional 2 uma estrada extremamente “desafiante pelo seu trajeto muito exigente que “puxa” muito pelo físico e pelo psicológico do atleta” o primeiro e principal objetivo será o de “chegar bem ao final e, se for conquistado o tal recorde, então, será ainda melhor”. Com setecentos e trinta e oito quilómetros de montanhas, retas, curvas e contracurvas, a meta é fazer uma paragem a cada cem quilómetros para “reabastecer e fazer um xixizinho”, remata o atleta, em meio a um sorriso que espelha a vontade de começar logo o percurso, mas que acontecerá apenas pelas 18 horas de Sábado, uma vez que até na véspera, estará a trabalhar, ele que é chefe de turno na fábrica da Roca, em Cantanhede.

A ansiedade, portanto, é tão grande como o percurso a percorrer, mas Alexandre Cruz não é nenhum novato nestas lides de pedalar pelas estradas. Tendo corrido por boas equipas nacionais, como por exemplo a Vulcal, o Alcobaça, o Sangalhos ou o Cantanhede/Marialvas, esteve sempre presente nas seleções nacionais até aos 17 anos e estava a preparar-se para o Nacional de BTT, quando a pandemia também lhe deu a volta.

Tendo perdido “cinco quilos e seis por cento de massa gorda” para este desafio, a nutrição é fundamental para o sucesso da empreitada. A treinar “duas a três horas por dia, antes de trabalhar e quatro a cinco horas nos dias de fim de semana”, e com uma nutrição “totalmente natural, sem nada “esquisito” que possa influenciar no resultado final”, todo este trabalho feito deixa Alexandre Cruz totalmente tranquilo no que respeita a esta parte da preparação para a dura e longa batalha que se avizinha. “Por isso” – diz – “quando chegar ao fim da tarde de sábado, é sair rapidamente de Chaves sempre no sentido sul!”.

Para além disso, existe um terceiro objetivo… terceiro, mas não menos importante que os outros: “Queremos todos: eu, o pessoal do carro e os nossos apoiantes nesta missão, sensibilizar os automobilistas e, também os próprios ciclistas, para além das autarquias, da importância de haver uma sinalização e um compromisso de respeito entre todos, para que ninguém se esqueça que deve haver sempre distância entre a bicicleta e o veículo que vão na estrada, em comunhão. Todos devemos pensar na segurança como um bem maior!”.

Os apoios, estes vêm de várias frentes: a ACCM / ACCM BTTeam, Hominis, a RM Arquietura e Engenharia e outras empresas e comércios locais estão a contribuir naquilo que é necessário para que, entre Sábado, dia 8 e Domingo, dia 9 de Agosto, se possa “fazer história” a nível nacional, trazendo ainda mais orgulho a um Concelho como Mira que, dentre tantos motivos para engrandecer o seu nome, também possui no desporto, vozes que o levam ainda mais longe.

Corra como correr, aconteça o que acontecer, Alexandre Cruz dará tudo de si para que o sonho se torne realidade. Se não acontecer, se não conseguir bater o recorde a que se propõe, ele já tem em mente o que irá sentir: “pensarei assim: não foi desta… será para a próxima!”

Francisco Ferra / Jornal Mira Online