A emoção de uma autora que foi “Para lá do olhar”…

Não é para todos (na verdade, é para poucos!) ir até os confins de uma África que tem tanto de misteriosa como de surpreendente para o bom e para o mau. Mas, Filipa Cartaxo, de Vilamar, foi, voltou e contou tudo na primeira pessoa…

Ela é enfermeira, faz voluntariado e, quiçá, nunca pensou ser… escritora!  Mas, a vida dá imensas voltas e esta jovem de 37 anos de idade ousou contar para quem queira saber o que foi a sua aventura através de um livro, ao qual deu o sugestivo título de “Para além do olhar”.

A apresentação aconteceu numa tarde calorenta de Sábado, na Biblioteca Municipal de Cantanhede que, mesmo assim, recebeu muitas pessoas amigas e familiares – sempre com as devidas imposições pandêmicas a serem respeitadas – que fizeram questão de abraçá-la… virtualmente falando!

Do livro, das palavras incentivadoras da mesa de honra, das imagens que acompanharam a apresentação, não há muito o que dizer, senão que a forma quase poética como decorreu, foi capaz de dar o devido valor às emoções da autora que não conseguiu esconder o nó na garganta e as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto e disfarçavam-se, um pouco, por detrás da máscara…

Daquelas imagens que apareciam e passavam na tela, surgiu a certeza, para quem as viu e, ao mesmo tempo, via o rosto de Filipa Cartaxo, de que aqueles sorrisos de crianças que se contentam com muito pouco – e são tão felizes assim… – preencheram, certamente, o coração da Filipa e, mais ainda, a sua escrita será capaz de preencher o coração de qualquer leitor interessado em conhecer o humanismo que existe por detrás de uma humanidade, aparentemente, tão doente!

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“Para além do olhar” é um testemunho de vida inesquecível de quem presenciou, em uma aldeia da longínqua Costa do Marfim, que, mesmo em condições tão adversas comparativamente ao que os europeus na sua maioria conhecem, mesmo com tantos obstáculos e carências, existe a força que surge da pobreza, mas pode ser travestida de sorrisos.

Emocionadíssima, Filipa Cartaxo deixou que cada um dos oradores falassem sobre a sua obra e a sua aventura. Mas no fim, desfeita em lágrimas, foi a vez dela de dar voz a emoções que, certamente, só ela conhece e sentiu.

Filipa Cartaxo escreveu págias e páginas. Descreveu lugares e sensações. Ao leitor caberá apenas e tão somente, ler e apaixonar-se por uma terra desconhecida com gente dentro. Foi isso que ela fez: mostrou o lado humano de um mundo cada vez mais… desumano!

Francisco Ferra / Jornal Mira Online